Caruaru paga adiantado por shows de artista de fora do Nordeste no São João

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O protesto em vídeo do cantor cearense Alcymar Monteiro por ter sido excluído da lista de atrações do São João de Caruaru que começa no próximo sábado (4) não é um fato isolado. A classe artística regional (falando sob condição de anonimato), se queixa há muito tempo de que além de depender das produtoras que lideram as contratações junto a Fundação de Cultura de Caruaru, precisa dividir a verba captada pelo município com as mega-atrações que sempre levam os melhores caches.

E a lista de nomes, de fato, está cheia das grandes estrelas. Mas o que pouca gente sabe é que todos eles não se apresentam sem que os seus cachês tenham sido pagos rigorosamente em dia e na maioria das vezes antes da realização do show.

Somente devido à pressão dos artistas regionais, e que tem firma, os cachês de artistas do estado e os regionais também passaram a ser pagos imediatamente aos shows ou com um ou dois dias de antecedência como ocorre com os artistas do Sudeste.

O mesmo não acontece com artistas locais que, quase sempre recebem um mês, ou mais, depois. De qualquer forma, não há reclamação de que a Fundação de Cultura de Caruaru deixou de pagar shows de atrações do São João da Capital do Forró. Pelo menos publicamente.

Com base no Portal da Transparência de Caruaru é possível constatar que nenhum das grandes atrações sejam contratadas por suas próprias empresas ou pelas grandes produtoras de Pernambuco se apresentaram sem que a Fundação de Cultura de Caruaru já não tivesse antecipado o pagamento.

No ano passado, segundo dados do portal da Prefeitura de Caruaru, apenas a dupla Zezé di Camargo e Luciano, donos da produtora MAC Produções Ltda., que se apresentou no dia 27 de junho, recebeu os R$ 335 mil de seu cachê no dia 30 de junho. O cantor Gustavo Lima contratado pela produtora A L X Entretenimentos LTDA – EPP, por R$ 350 mil, para um show no Pátio do Forró no dia 26 de junho, também recebeu seu cachê quatro dias depois em 30 de junho.

As demais atrações ou receberam no mesmo dia do show ou antecipadamente. Houve pelo menos um caso dramático e que revelou isso de forma constrangedora.  Contratado pela produtora ALX Entretenimentos Ltda., por R$ 250 mil, o cantor Cristiano Araújo, que faleceu na madrugada do dia 24 de junho recebeu seu pagamento antecipadamente no dia 22 de junho para o show de São João. Devido ao acidente em Goiana o show não foi realizado, mas como o valor já estava empenhado precisou ser cancelado.

O Portal das Transparência também mostra que as produtoras lideram as maiores verbas. A A L X Entretenimentos Ltda., por exemplo recebeu ano passado pelos cantores de levou a Caruaru R$ 973.500,00. Foi seguida da LUAN Promoções e Eventos Ltda., com R$ 545.000,00 e pela P L Entretenimentos Ltda., R$ 669.000,00. Finalmente, a Associação dos Forrozeiros e Trios Pé de Serra de Caruaru, que reúne mais de 80 atrações locais e que recebeu no ano passado R$ 352 mil, só teve a maioria dos seus pagamentos efetuados um mês depois da festa, no dia 22 de julho 2015.

O que os dados do Portal da Transparência mostram, é que não existe possibilidade de uma atração nacional não receber o pagamento antes ou, no máximo, dois dias depois dele ser realizado. Embora, em quase todos, o pagamento tenha sido feito antecipadamente. Segundo, que micro atrações sempre recebem depois ou em até um mês como foi o caso das atrações contratadas pela Associação dos Forrozeiros e Trios Pé-de-Serra de Caruaru que recebeu em 22 de julho.

Isso não é de todo ruim. Afinal revela que a Prefeitura de Caruaru paga seus compromissos. Mas mostra que o evento é dominado pelas grandes atrações contratadas pelas maiores produtoras de Pernambuco.

Apenas artistas com estrutura comercial própria, como a Banda Calypso, da JC Shows Serviços de Som e Locações Ltda. (R$ 120 mil); Banda Aviões do Forro, da Aviões do Forró Gravações e Edições Musicais Ltda. (R$ 250 mil); Elba Ramalho, da Acauã Produtora Ltda. (R$ 190 Mil) e Flávio José, da Flavio José Marcelino Remígio, da FJ Promoções Artísticas (R$ 90 mil) puderam receber no mesmo dia ou um ou dois dias antes de se apresentarem..

A reclamação de Alcymar Monteiro, mostra na verdade que, de vez em quando, alguém reclama por estar fora das festas. E que, no fundo, o grande contratador de eventos musicais no Nordeste ainda é o poder público que acostumou a oferecer shows de graça ao público. Especialmente para angariar apoio político nas próximas eleições.

Informações: JC Online

 

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