Estudante que pedia esmola em Pernambuco vai estudar medicina no Canadá

Denis não se intimidou com as dificuldades e conseguiu bolsa para estudar medicina no Canadá / Foto: Ashlley Melo / JC Imagem
Denis não se intimidou com as dificuldades e conseguiu bolsa para estudar medicina no Canadá
Foto: Ashlley Melo / JC Imagem

Margarida Azevedo

Denis José da Silva, 17 anos, cresceu pedindo esmolas e comida nas ruas. Primeiro em Ipojuca, no Grande Recife, quando era criança. Depois, e até hoje, em Ribeirão, na Zona da Mata pernambucana. O que ganhava, entregava a mãe. Um trocado ou outro gastava em lan houses. Foi quando começou a desejar estudar medicina nos Estados Unidos. Em setembro, o sonho começará a ser realizado, mas no país vizinho do Canadá. Para viabilizar a viagem, ao custo estimado de R$ 8 mil – o curso, a alimentação e a moradia estão garantidos pela faculdade – Denis começou uma campanha de arrecadação online. Em menos de 24h conseguiu atingir a meta. Há mais R$ 26 mil pendentes. Se o dinheiro a mais chegar realmente, o adolescente já sabe o que fazer: comprar uma casa para sua família antes de embarcar.

 “Não esperava uma repercussão tão rápida. Comecei a campanha domingo. Até quarta-feira à noite tinha R$ 130. Depois que a minha história saiu em um site de notícias nacional (o UOL) as doações começaram a chegar. Estou muito feliz porque já tenho garantido o dinheiro para custear a viagem. Se sobrar quero comprar uma casa para meus pais e irmãos”, diz Denis. Ele sabe bem a importância de ter um lugar para viver. Na infância a família morou embaixo de uma ponte, em Ipojuca, e em um barraco de lona e lençóis em uma quadra abandonada em Ribeirão.

Do tempo que morou embaixo da ponte, Denis lembra das lagartas de fogo que queimavam a pele e dos refrescantes banhos de rio. “Nessa época eu ficava a noite toda na frente de um supermercado para esperar as sobras de comida e carne”, recorda a mãe dele, Rita Maria da Silva, 50, que ainda hoje vai para rua pedir comida quando o prato em casa está vazio. A dificuldade era tão grande que a família mudou-se para Ribeirão. A sina de pedir comida pelas ruas nunca parou. Nenhum dos cinco filhos frequentava a escola. Ao passar em uma residência, o menino, então com 6 anos, viu um episódio de Chaves na televisão. Pediu para assistir. A dona da casa deixou. E lá Denis viveu dos 6 aos 10 anos, quando começou a estudar num colégio público.

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