Auditoria revela gastos milionários de Bolsonaro com cartão corporativo secreto

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O governo Bolsonaro gastou ao menos R$ 21 milhões com cartões corporativos mantidos sob sigilo, apenas no que diz respeito às despesas secretas consideradas mais significativas entre janeiro de 2019 e março do ano passado. 

O valor foi levantado por analistas do Tribunal de Contas da União (TCU) e constam em auditoria, conforme reportagem publicada pela revista Veja nesta sexta-feira (3).

O TCU fez o levantamento por causa do sigilo do governo sobre tais gastos. Os servidores do TCU tentam descobrir quanto e em que Bolsonaro e outros integrantes da cúpula da administração federal gastam por meio de cartões corporativos.

Ao longo de 95 dias em 2021, analistas do TCU vasculharam os arquivos dos chamados recursos de suprimento de fundos, dinheiro destinado a custear despesas de caráter secreto pagas com cartões vinculados à Secretaria de Administração do governo, dois deles permanentemente nas mãos do presidente da República. 

A revista destaca que documento da Corte ao qual teve acesso mostra que o presidente, apesar de simular simplicidade nos hábitos de consumo, gasta tanto quanto seu antecessor Michel Temer (MDB) com alimentação, item que, afetado pela inflação, está  no topo das preocupações de parcela significativa da população. 

Os auditores descobriram que, desde a posse do ex-capitão até março de 2021, foram gastos R$ 2,6 milhões só para a compra de alimentos para as residências oficiais de Bolsonaro e do vice, general Hamilton Mourão, uma média de pouco mais de R$ 96 mil mensais. Nos dois últimos anos de mandato de Temer, o valor foi de R$ 2,33 milhões, média de R$ 97 mil.

Auditoria mostra gastos com “farra aérea e de viagens”

“A auditoria do TCU revela também, entre outras coisas, uma farra aérea e de viagens a passeio bancada com dinheiro do contribuinte”, diz trecho da reportagem, que mostra gastos com as viagens para participação em eventos em tom de campanha política e férias ou feriados e fins de semana prolongados.

Segundo os técnicos do TCU, foram desembolsados também R$ 2,59 milhões para alimentar a equipe de seguranças e o pessoal de apoio administrativo nas viagens do presidente e do vice pelo país. 

Na gestão Temer, o valor foi menor: R$ 1,3 milhão de reais. O mesmo acontece com gastos com combustível, rubrica em que o ex-capitão gastou cerca de R$ 420 mil, 170% a mais do que o antecessor.

A auditoria do TCU também alcançou despesas menores, como um reparo pago com cartão corporativo em um jet ski da Marinha que foi usado pela equipe do presidente no Carnaval de 2021.

Os técnicos da Corte  identificaram irregularidades na emissão de notas fiscais para justificar determinadas compras, embora considerem esses erros de menor gravidade, segundo a revista.