Aulas totalmente presenciais na UFPE, UFRPE e UPE só em 2021

Três meses após a suspensão das aulas presenciais em escolas e faculdades de Pernambuco, motivadas por decreto do governo estadual em 18 de março, como uma das medidas para contenção da transmissão do novo coronavírus, as três maiores universidades públicas do Estado – UFPE, UFRPE e UPE – ainda não oferecem atividades remotas para os cerca de 64 mil alunos das graduações.

Os reitores dessas instituições acreditam que o retorno das aulas totalmente presenciais só será possível em 2021. Portaria do Ministério da Educação (MEC) publicada ontem prorrogou autorização para atividades a distância em instituições federais de ensino superior até 31 de dezembro. Mas apenas nove, de um universo de 69 universidades federais existentes no País, estão com essa modalidade em curso, segundo o governo federal.

“Não há previsão de retorno das atividades presenciais, porque temos que fazer um planejamento mais amplo na universidade. Não podemos colocar 35, 40 pessoas numa sala de aula. Até agosto possivelmente conseguiremos adotar aulas remotas na graduação”, diz o reitor da UFPE, Alfredo Gomes. A universidade tem cerca de 32 mil alunos nas graduações, com câmpus no Recife, em Vitória de Santo Antão (Zona da Mata) e em Caruaru (Agreste). Na pós-graduação, a tecnologia já vem sendo usada para a continuidade do ano letivo.

Uma das alternativas que vêm sendo avaliadas na UFPE é a adoção, durante a pandemia, de um calendário acadêmico suplementar. Funcionaria como os já conhecidos cursos de verão ou inverno, quando são disponibilizadas disciplinas para serem cursadas em um intervalo de tempo mais curto. Desta maneira, os estudantes que tivessem interesse poderiam cursar matérias que vão constar nos seus currículos e que não dependem do atual semestre letivo (que está suspenso). Esse formato foi adotado na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

ACESSO A TECNOLOGIAS

A explicação para a UFPE não ter aderido ainda ao programa de ensino virtual neste período de isolamento é porque cerca de 35% dos alunos de graduação vêm de famílias com renda igual ou inferior a um salário mínimo e meio por pessoa.

“Se puder ter aula remota vai ser bom, só precisamos ver em quais condições. Computador eu tenho, mas não possuo wi-fi, só um pacote básico no celular, que não reproduz vídeos nem faz downloads. Como deficiente visual, uso computador coletor de tela e nem toda plataforma é acessível para o uso, tem sites que não consigo acessar”, diz George Braga, aluno de direito na UFPE.

Alfredo Gomes diz que reitores do Nordeste tiveram recentemente uma reunião com a Secretaria de Ensino Superior do MEC. Um dos pedidos dos gestores é apoio para assegurar internet para alunos carentes. “Há uma perspectiva de um plano de inclusão digital por parte do governo federal. Acredito que até o fim de junho haja alguma definição”, explicou.