Defesa do padre Airton Freire aponta contradições nas acusações de Silvia Tavares

A equipe de defesa do padre Airton Freire solicitou formalmente à Polícia Civil de Pernambuco a abertura de três inquéritos para examinar alegações de crimes atribuídos a Silvia Tavares, uma estilista pessoal que acusou o padre de envolvimento em um incidente de violência sexual ocorrido em agosto de 2022. Uma das investigações será iniciada para apurar por que Silvia não apresentou mensagens de texto de seu celular, nas quais ela alegadamente confessou envolvimento em cinco assassinatos anteriores às acusações contra o sacerdote.

Os arquivos de áudio e texto apagados foram recuperados pelos trabalhos do Instituto de Criminalística da Polícia Científica pernambucana por meio do sistema Cellebrite. Apesar de constarem de um dos inquéritos policiais que resultaram na prisão preventiva de Freire, os 5 assassinatos não foram investigados.

“Não é possível que as mensagens, que inclusive trazem nomes das vítimas de assassinato, não sejam objeto de apuração”, diz o criminalista Marcelo Leal, um dos responsáveis pela defesa do Padre Airton. “Por isso, estamos pedindo que um delegado especial, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), em Recife, descubra se houve os 5 assassinatos.”

As mensagens de Silvia foram enviadas a uma amiga. Nomes e conteúdos não podem ser revelados porque o laudo da perícia está sob segredo de justiça.

Apesar da restrição, a descoberta das mensagens surge num momento importante para a defesa, quando será julgado o habeas corpus sobre a prisão preventiva do padre Airton, que não atendeu aos requisitos previstos em lei, uma vez que o sacerdote sempre colaborou com as investigações, não oferece risco à sociedade e não apresenta risco de obstruir os trabalhos da Justiça. A defesa reitera a inocência do religioso.

Para os advogados de Freire, as denúncias indicam duas possibilidades. “Ou Silvia é uma psicopata que matou cinco pessoas e por isso sua palavra não merece crédito ou é uma mentirosa compulsiva, o que também desacredita sua versão contra o padre Airton Freire.”

As mensagens são dos dias que antecederam o suposto estupro, que teria ocorrido em 18 de agosto de 2022.

Mais mensagens, mais crimes

As mensagens sobre os homicídios não foram as únicas apagadas. O celular de Silvia, por exemplo, teve deletadas mensagens do dia de 18 de agosto de 2022 que comprovam não ter havido estupro na Fazenda Malhada, em Arcoverde (PE), conforme noticiado em 11 de agosto pela defesa.

As exclusões são alvo de um pedido de investigação feito à Chefia da Polícia Civil de Pernambuco, para que seja apurada, em inquérito à parte conduzido por delegado especial, a prática de fraude processual. “Ela apagou as mensagens antes de entregar o celular à perícia, mas manteve somente aquelas que, fora de contexto, davam verossimilhança, ainda que fraca, à denúncia”, explica Leal.

Há, ainda, uma terceira solicitação de investigação. Além de manipular e ocultar provas, Silvia orientou a mesma amiga a quem confessou os homicídios a mentir, para sustentar a versão contra o padre Airton Freire. Nesse caso, o pedido é que se investigue, também em inquérito à parte, o crime de falso testemunho da amiga correspondente de Silvia, que prestou depoimento à Polícia Civil e depois se mostrou arrependida. “Cada vez que se analisa esse material, o caso vai ficando mais estarrecedor”, diz a advogada Mariana Carvalho, que também integra o corpo de advogados.

Informações: Blog de Ricardo Antunes